terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Editorial Agulha nº 25

Vamos travar este roubo!

Ainda as garrafas de champanhe da passagem de ano não tinham chegado ao fim e este Governo já nos brindava com novos cortes, sempre com a velha e falaciosa justificação da dívida e da necessidade de “acalmar os mercados”. Entramos em 2012 e as facturas da luz, electricidade e gás a engordarem absorvendo parte substancial dos nossos rendimentos que, por si só, este ano já foram reduzidos com o corte do subsídio de natal e de férias para milhares de trabalhadores. Como se não bastasse a carestia de vida e a redução salarial, assistimos também à destruição do estado social.
Na saúde, os serviços prestados à população são cada vez mais insuficientes devido à falta de profissionais em hospitais e centros de saúde. Para além disso, para ter acesso a estes cuidados elementares vão-nos ao bolso. As “taxas moderadoras” criadas pela governação PS, foram duplicadas, tornando-se manifestamente difícil para muitos de nós ter acesso a estes cuidados.

Não suficientemente satisfeitos, o patronato e o Governo, desejosos por recuperar desta crise à custa do povo, alteram radicalmente o código de trabalho. Este acordo entre os patrões, Governo e UGT, chamado de concertação social, é uma declaração de guerra aos direitos dos trabalhadores: redução do número de férias, horas extras pagas a metade, o despedimento torna-se simples e as indemnizações irrisórias.
Esta alteração do código de trabalho é o mais violento ataque a que fomos sujeitos desde o 25 de Abril. Era um velho anseio do patronato pagar menos por mais trabalho e despedir mais por menos, tudo com a justificação da “competitividade” e “produtividade”.
A manifestação do dia 21 de Janeiro, convocada pelo movimento 15O, é a primeira resposta às políticas de austeridade no ano 2012. Sabemos que para invertermos estas políticas serão necessárias mais mobilizações e paralisações gerais. Os ataques dos vários Governos dos países da União Europeia aos seus povos obrigam-nos a dar uma resposta conjunta às políticas neo-liberais. É importante preparar uma greve geral europeia para demonstrarmos que o povo europeu está farto de ser massacrado com estas políticas. Vamos à luta!

Editorial Agulha nº 24

É preciso uma alternativa!

Após a manifestação de 15 de Outubro, a Greve Geral foi a segunda grande demonstração de força por parte dos trabalhadores na resistência à política de austeridade de Passos Coelho/Portas a mando da Troika. Esta greve ficou marcada por uma forte adesão no sector dos transportes, função pública e nas principais empresas privadas. Apesar disto, esta greve teria tido outra força se a CGTP utilizasse todos os seus recursos na sua preparação. Vejamos, a greve fica marcada sem que tenham sido feitos qualquer tipo de plenários preparatórios com os trabalhadores para se discutir as formas de luta e o seu seguimento.
Na maior parte dos casos foi feito um plenário para informar da greve ou mesmo nenhum, ficando os trabalhadores afastados da sua construção, bem como das suas direcções que, teoricamente, os representam.
Mas será que ainda os representam? A existência desta greve geral não se deveu à prática combativa da
CGTP mas à necessidade de responder a um fenómeno que não controla - os novos movimentos sociais conhecidos como “Indignados” que, sem controlo partidário ou sindical, conseguiram durante este ano colocar milhares de pessoas na rua por duas vezes, uma delas fazendo cair o governo Sócrates e da outra arrastando a CGTP para uma greve que não pretendia. Recordemos que ela foi marcada 3 dias após a realização da assembleia de indignados de Lisboa onde o povo exigiu a marcação de uma Greve Geral.
Para além da CGTP, os partidos que deveriam representar os trabalhadores, nomeadamente o BE e o PCP, surgem como defensores do pagamento da dívida através da maquilhagem da renegociação. É necessário suspender o pagamento da dívida contraída pela burguesia, taxar os seus rendimentos, nacionalizar a banca e sectores estratégicos da economia e criar uma política de emprego e de estimulo à produção para poder haver dinheiro para salários, saúde e educação e não para pagar uma dívida que não foi o povo a contrair.
Face à falência das actuais direcções dos partidos da esquerda e dos sindicatos tradicionais, urge a construção de alternativas no plano político e sindical. Que estas alternativas sejam dos trabalhadores, que lutem pelos trabalhadores e que tenham os métodos democráticos dos trabalhadores.