quinta-feira, 21 de abril de 2011

Editorial Agulha 17

Fartos de alternância, queremos alternativa!

O Governo PS/Sócrates que tanto martirizou os trabalhadores com políticas de direita finalmente caiu. Governo este que ao longo de 6 anos impôs redução de salários, cortes nas pensões, precarização do emprego e o consequente aumento do desemprego. Estas políticas não são novas, é a velha receita utilizada pela direita para que sejam os trabalhadores a pagar a crise.
A derrota do Governo foi uma vitória de todos os trabalhadores, no entanto a entrada do FMI vem dar continuidade às políticas impostas pelo antigo Governo. Conhecemos os resultados desta “ajuda” económica: para o povo mais austeridade, mais precariedade, mais desemprego e mais pobreza para que a Banca e os grandes grupos económicos continuem a lucrar milhões. Todos estes mecanismos que nos privam de uma vida digna são-nos impostos em nome da Dívída Pública! No entanto, esta dívida não foi contraída por quem trabalha. Veja-se o exemplo do BPN onde foram injectados 5 mil milhões de euros dos cofres do estado para salvar um banco gerido por ladrões! Devemos seguir o caminho do povo Islandês e dizer não ao pagamento desta dívida que não é nossa.
No dia 5 de Julho realizar-se-ão novas eleições legislativas. Tentam nos fazer crer que só o PS/PSD/CDS poderão constituir um Governo que nos permita sair da crise. Mas foram estes partidos que nos tem governado décadas após décadas que nos colocaram nesta situação caótica. Devemos exigir uma candidatura de Esquerda, um programa de Governo que una o PCP, BE e outras forças à esquerda do PS para superar esta crise e melhorar a qualidade de vida de quem trabalha.
Fartos desta alternância, queremos alternativa: unidade BE/PCP para que sejam os ricos a pagar a crise!

25 Abril

Era a esperança no futuro, foi sonho de um mundo onde quem trabalhava e produzia riqueza não fosse apenas um ser macambúzio, explorado e estupidificado por humilhações dos empregadores que agiam cobertos por leis próprias de um regime ilegítimo e imoral. Era a hora da conquista do respeito e da dignidade nos locais de trabalho.
Vieram direitos como a contratação colectiva, o salário mínimo, 13º mês, subsídio de natal, igualdade de direitos e salários entre homens e mulheres. Foram reconhecidas as licenças de maternidade/parto, assim como de paternidade. Regras sobre higiene e segurança no trabalho, medicina do trabalho, etc. Conquistas fruto da participação, da luta, da unidade e solidariedade entre trabalhadores.
Foi o reconhecimento da liberdade de participação sindical. Comissões sindicais e de trabalhadores foram criadas no interior de empresas, eram os interlocutores junto das administrações no diálogo de concertação de posições e nas denúncias de atropelos que os trabalhadores fossem vítimas. Os sindicatos ganharam força, abriu-se portas para que estes fossem agremiações de defesa comum dos trabalhadores, seus associados. Os sindicatos deixaram de ser organizações de um sistema corporativo do regime, onde a participação electiva dos seus filiados era uma farsa. Era o reflexo do 25 de Abril, da Revolução dos Cravos no mundo do trabalho.
Na passagem de mais um aniversário da Revolução dos cravos (37º) já é bem diferente a realidade no mundo do trabalho. A esperança no futuro deu lugar à insegurança. O capitalismo nacional, servido por uma classe política/governantes, e usando uma realidade internacional provocada pelo capitalismo selvagem e imperialista mundial, criou uma malha que aos poucos caçou direitos de quem trabalha. A precariedade e a insegurança reinam. Hoje em muitas empresas estamos mais perto do trabalho à “jorna” dos tempos do século XIX do que de um emprego com segurança. Os trabalhadores são alvos de coações e pressões de vária ordem. Os trabalhadores transportam tristeza do local de trabalho para casa, não se realizam profissionalmente e as doenças neurológicas são tristes realidades dos trabalhadores.
A precariedade, a repressão e a perseguição de que são alvos os activistas sindicais em muitas empresas, tornaram inactivas ou inexistentes as comissões sindicais ou de trabalhadores. Os sindicatos em grande parte são dirigidos pelas mesmas pessoas há décadas, dirigentes para quem a actividade sindical representa uma carreira e não uma missão de cidadania em defesa de quem trabalha, provocando o descrédito nos sindicatos por parte dos trabalhadores.
Nesta passagem de mais um aniversário da Revolução dos Cravos, façamos como os trabalhadores de Chicago em 1886 que se manifestaram por condições de trabalho e horário de turnos de 8h. Vamos gritar bem Alto, dizer que o povo trabalhador não é um povo resignado ou imbecilizado. O povo não está sonâmbulo, o povo não é burro de carga nem besta de nora. Digamos que não vamos mais ficar calados a aguentar feixes de miséria ou sacos de vergonhas, não somos como aqueles que nem as orelhas mexem para a afastar as moscas no local de trabalho, não somos como aqueles que não mostram os dentes, não têm a energia de um coice. Somos pessoas e queremos respeito. Vamos dizer ao capitalismo selvagem, aos políticos incompetentes e servis do capitalismo explorador que queremos ser felizes quando produzimos riqueza.
Em 25 de Abril de 1974, um grupo de heróicos CAPITÃES abriu portas para a luta com liberdade. Não deixemos fechar as portas que Abril nos abriu.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Um país inteiro à rasca

No dia 12 de Março o povo português fez história na rua. Aquela que começou por ser uma manifestação dirigida aos jovens pela situação de precariedade laboral, baixos salários e estágios profissionais não remunerados a que se sujeitam, rapidamente se tornou na maior manifestação independente desde o 25 de Abril, envolvendo todas as gerações deste país contra o desemprego, os cortes salariais, o contínuo desinvestimento na saúde e na educação e, principalmente, contra este Governo e contra o PSD que juntos têm imposto estas medidas à população.
Precários e efectivos, estudantes e reformados, todos saíram à rua num dia em que se pôde sentir a alegria que surge quando estamos conscientes de que temos a força para mudar - mudar este Governo e mudar esta situação mas, acima de tudo, mudar as nossas vidas.
É este o exemplo a seguir e é imperativo continuar os protestos até termos restabelecido o nosso direito a uma vida digna e estável, independentemente da cor do Governo.
Embora ainda não tenha ocorrido, no momento em que se escrevem estas linhas, a manifestação nacional da CGTP de dia 19 de Março, não podemos deixar de a referenciar. Será, sem dúvida, a maior acção de protesto da CGTP após a Greve Geral de 24 de Novembro. E, no entanto, sabe a pouco. O povo saiu à rua dia 12 por vontade própria para protestar, sem necessidade de todo o aparato sindical.
Temos que exigir mais das nossas direcções sindicais! Temos de exigir uma nova Greve Geral, desta vez em conjunto com uma manifestação nacional para mostrarmos ao Governo, à classe política e aos patrões que quem manda neste país somos nós, os trabalhadores.

Rua com este Governo e os seus aliados!
Fim imediato às medidas de austeridade!
Intervenção directa do Estado na produção para criar emprego!

Para dar continuidade ao fervor destes protestos, já foram criadas plataformas da Geração à Rasca por todo o país, inclusive em Braga.
O Agulha apela a todas as gerações a participarem e a darem o seu contributo para uma mudança das políticas que nos asfixiam todos os dias!
Contacto:
geracaoarascabraga@gmail.com

Editorial Agulha 16

Governo para a rua, já!

O quarto capítulo vem aí. A estória que tão bem conhecemos revela-se a mesma: que sejam os trabalhadores, reformados e desempregados a suportar a crise.
O PEC 4 anunciado pelo Governo PS/Sócrates após o encontro com Merkel, representante da banca europeia, prevê o congelamento das reformas, dos abonos de família, do subsídio de desemprego e cortes nas indemnizações por despedimento.
Para além destas medidas o Governo irá reavaliar as condições de acesso ao subsídio de desemprego.
Os sucessivos PEC´s, implementados com a justificação de “acalmar” os mercados, têm sufocado o povo e a esquerda parlamentar não tem dado uma resposta à altura. A prova disso é a moção de censura apresentada pelo Bloco de Esquerda que na realidade não tinha o objectivo de derrubar
o Governo. O Bloco apresentou esta moção poucos dias depois de ter afirmado que este não era o
momento para apresentá-la. A melhor moção de censura que se pode apresentar é nas ruas, à semelhança do que aconteceu no passado dia 12 onde milhares de pessoas mostraram o seu descontentamento com estas políticas.
É necessário derrubar este Governo e todos os que apoiam estas políticas, como o CDS/PSD. Desta forma, o único caminho para a vitória é derrubar este Governo e apresentar uma proposta de Governo à esquerda
(PCP e BE) que derrube a ditadura dos mercados com medidas que respondam às necessidades da
classe trabalhadora.