segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Editorial Agulha 2

Suicídio ou revolta

As condições de trabalho têm-se degradado e agravado nos últimos anos, mais ainda com o agravamento da crise económica desde 2007. As pressões contínuas sobre nós são o dia a dia nas empresas da nossa região, com graus de exigência que ultrapassam os limites do razoável. Em muitos casos não se respeitam regras e há uma estratégia de vigilância e humilhação, como forma de saturar os trabalhadores e estes abandonarem a empresa. Levando muitos de nós a preferir a desgraça do desemprego ao lugar de sofrimento e tortura emocional que era o emprego.
Uma onda de suicídios tem assolado a France Télécom, empresa de telecomunicações francesa, 24 consumados e 12 falhados nos últimos meses. Isto tem uma causa: a degradação das condições de trabalho depois que esta empresa deixou de ser pública, foi privatizada e passou a ser cotada em bolsa. A mudança de posto de trabalho, a cada 27 meses, a deslocação de local de trabalho, a colocação dos trabalhadores indesejados em serviços considerados menores, assédio moral e vigilância de todos os passos são algumas das novas regras a que estão sujeitos os trabalhadores da France Télécom, que os tem levado ao suicídio. Continuamos a ser o elo mais fraco na luta pelo lucro.
Parece que a principal forma dos administradores garantirem a viabilidade das empresas, é a humilhação e a brutalidade que eles investem contra os trabalhadores.
Depois não se vê alegria no trabalho, a tristeza invadiu os locais de produção e não se fala em realização profissional. Será que a saúde financeira das fábricas tem de ser forçosamente à custa da doença e sofrimento dos trabalhadores? Nós dizemos que não, e preferimos a revolta do que entregar as nossas vidas.

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